26 de dez. de 2013

Resenha: Os portões - John Connolly

Resenha de Celly Borges

Surpreendente!

Não tem como falar diferente de Os Portões (Editora Bertrand, 304 páginas, R$50), segunda obra de John Connolly publicada aqui numa belíssima edição pela Bertrand Brasil.

Há dois subtítulos, um que está na capa e completa o título: Os portões do Inferno estão prestes a se abrir - cuidado com o vão e outro, que está dentro: Os portões - um romance estranho para jovens estranhos.

Nesse livro, acompanhamos a história de Samuel, um menino de 11 anos que tem vários problemas pessoais. O pai abandonou ao filho e a esposa e simplesmente foi embora, os professores não o levam a sério, como quando ele tenta apresentar um trabalho escolar com um alfinete, e disse que ali, se olhar bem de perto, pode-se ver um número infinito de anjos dançando na cabeça do alfinete. Claro que, como alguns adultos adoram cortar a criatividade das crianças - principalmente os que também passaram por isso -, o professor acabou chamando a mãe de Samuel.

Mas a parte importante começa no dia 28 de outubro, quando Samuel decide sair a fim de pedir gostosuras ou travessura nas casas vizinhas - ele havia tomado uma iniciativa! Para ele isso é muito importante - mas lá vêm os adultos para estragar de novo.

A mãe, que desde que o pai os deixara, nunca saiu de casa para um encontro e naquela noite estava se arrumando muito, então não poderia ser simplesmente para jogar bingo com as amigas. Ela deixa uma babá muito relapsa para cuidar de Samuel.

Mas ele havia saído para pedir doces, quando chegou à cada dos Abernath, que não quiseram saber de conversa. Então Samuel percebe algo e espia pela janela do porão de seus vizinhos. Eles estão fazendo algo muito, muito estranho. O casal e mais dois amigos, o senhor e a senhora Renfield, estão mexendo com ocultismo, pois não têm nada melhor para fazer. Mas isso tem consequências graves! Faz com que um buraco no espaço-tempo fosse aberto e... sim, muita coisa ruim começa a acontecer, afinal, era um portal exatamente do Inferno para a Terra! E lá dentro estão os portões que precisam ser abertos.

Nesse tempo, conhecemos Nurd, O Flagelo das Cinco Deidades, que fora banido para a Terra Devastada, um lugar no Inferno bastante triste e solitário. Nurd é um dos personagens mais cativantes. Algumas de suas desventuras lembram o filme Little Nick - um diabo diferente - com Adam Sandler como protagonista. E Ozzy Osbourne aparece por lá para das uma ajuda! -, que é bom e quando vem para o lado de cá sempre acaba "morrendo", ou voltando para a casa, várias vezes por ser desastrado, e da mesma forma, Nurd é atropelado e sofre um pouco cada vez que é devolvido para sua Terra Devastada.

Os nomes das ruas são interessantes: [Edgar Allan] Poe, [H. P.] Lovecraft, [Algernon] Blackwood, quem curte literatura fantástica, vai reconhecer esses nomes, e se não os conhece, clique nos links e divirta-se. A casa onde tudo começa fica na avenida Crowley, 666. O nome foi inspirado em Aleister Crowley, um homem considerado muito mau - e louco. O número dispensa comentários.

O livro é repleto de partes engraçadíssimas, com muitas notas de rodapé que não tem como ficar sem rir. John Connolly foi minha grande descoberta esse ano, também li sua outra obra, O livro das coisas perdidas, que segue o mesmo padrão de Os Portões, com verniz em toda a capa imitando couro, e com relevo.

John Connolly (Dublin - 1968) é um autor fantástico, daqueles que sempre faço questão de enfatizar: não subestima seus leitores. Há informações e não há receio de contar a história como ela é.

Esse é o livro 1, que tem na sequência Hell's Bells e The Creeps, ainda inéditos no Brasil. O segundo será lançado aqui em 2014. Essa é uma das poucas séries que ultimamente me deixaram com vontade de ler suas continuações. E logo!

Serviço
Editora: Bertrand Brasil
ISBN: 9788528617702
Ano: 2013
Páginas: 304
Tradutor: Dênia Sad
SkoobEditora Bertrand BrasilJohn Connolly

Leia também
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Resenhista
Celly Borges é escritora, sonhadora e, por mais que pareça loucura, adoraria viver uma aventura como a de Samuel.

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