5 de ago. de 2013

Resenha: Aldebarã, de Juvenal Bernardes

Livros infantis são fáceis de escrever. Na verdade são difíceis... Ah, eu explico!

É fácil quando se vê o mundo com olhos de crianças. Mas quando não se tem a sua criança interior, escrever para os pequenos se torna impossível!

Tem livros que são chatos, bobos, que tratam as crianças como incapazes de compreender uma história. Mas esses que pensam assim estão completamente enganados! Os adultos é que são limitados, afinal o mundo muitas vezes impõe essa vida. Ser criança, comer doces, ler livros infantis, quase sempre a pessoa é tratada como ridícula pelos amigos, colegas e vizinhos ao fazer isso. O livro O Mundo de Sofia, de Jostein Gaarder, trata bem desse assunto.

Já fiz o teste algumas vezes com esse desenho clássico de O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry, e as crianças diziam algo próximo de seu significado, os adultos com olhos de crianças também, mas os grandes que esqueceram como é ser realmente feliz, viam o óbvio - para eles, claro.

Se você ainda não leu o livro, me diga o que vê na imagem abaixo. Mas não vale pesquisar!


O que aconteceu com o autor de Aldebarã foi o seguinte: 

Juvenal Bernardes cresceu e ficou bobo, um adulto um pouco mais sério, então teve que se tornar palhaço e contador de histórias para reencontrar o seu menino esquecido e assim sua vida ganhou novas cores.

E Aldebarã conta exatamente isso, na história de João, um homem que só anda com as mãos no bolso e cabisbaixo. É triste, solitário.

Quando fala que João é um homem cinza, pois usa roupas nesse tom, me lembrou de Momo e o Senhor do Tempo, de Michael Ende, e seus homens cinzentos, mas esses eram maus e não tristes como o dessa história.

Certa noite João percebe uma estrela, parece que ela brilhava somente para ele.

“Há quanto tempo ele não reparava que alguma coisa pudesse ser linda, linda à toa, só porque existe?”, é uma frase triste e bonita, repleta de verdade. Afinal, quando estamos apressados, no dia a dia, esquecemos de prestar atenção em detalhes importantes. Às vezes podemos ser até egoístas com nossos olhos, mente, coração, por não dar a chance de parar e perceber o mundo e sua beleza que está sempre ali para ser vista.


Então João encontra seu menino esquecido, o João menino, que lhe ensina a ser feliz de novo. A sorrir e dizer bom dia aos vizinhos.

O livro é visivelmente convidativo à leitura. Um trabalho fantástico da ilustradora Denyse Neuenschwander, algumas partes com colagens de jornal.

Na quarta capa há uma apresentação feita por Stella Maris Rezende, autora entre outros livros, de A Mocinha do Mercado Central, e dentro há um coelho feito de jornal, e segura um relógio...

Aldebarã é um encanto! E foi realmente bom que o autor tenha ido em busca de sua criança.

Ah, as crianças, depois de curtir a história, podem fazer um brinquedo que João menino ensina. E os pais podem voltar a ser crianças e se divertir com seus filhos, depois de ler o livro, também construindo o touro de caixa de fósforos.

E jamais esqueçam de sua criança interior, de vivê-la sempre, afinal, essa é a melhor maneira de ser realmente feliz.

Serviço
Editora: Gulliver
ISBN: 9788565432023
Ano: 2013
Páginas: 22
Skoob | Editora Gulliver

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