10 de set. de 2012

Resenha: Marina – Carlos Ruiz Zafón

A vida de um artista é uma vida de risco, incerteza e quase sempre de pobreza. Não a escolhemos, ao contrário, é ela quem escolhe você. 

Marina (Suma de Letras, 190 Páginas, R$24,90) se passa em torno de 1980 e é uma história misturada. Há um pouco de juvenil, fantasia, horror...

Óscar, 15 anos, é um estudante de um internato e num de seus passeios pelos arredores, descobriu uma antiga construção e entra, nela uma menina muito bonita chamada Marina. Óscar se assusta e foge, sem querer carregando um relógio velho e quebrado. Arranja uma forma de devolvê-lo e acaba se tornando amigo da menina e seu pai.

“Como ladrão, eu não valia um centavo, mas como mentiroso devo confessar que sempre fui um artista”.

Marina leva Óscar para uma parte sombria, o cemitério, onde certa vez tinha visto uma mulher misteriosa. E lá começam a descobrir uma parte ainda mais sombria da cidade e alguns de seus moradores. Os esgotos, o teatro, muitas partes envolvem um grande mistério e os meninos tentam encontrar a ligação e sua solução.

Em certa parte me remete ao livro A Ilha do Doutor Moreau, de H. G. Wells, apesar de as aberrações serem diferentes, o fim é o mesmo, dar vida novamente em outro formato, animais são transfigurados e passam a andar como pessoas.

“Não damos muito crédito aos avanços da ciência moderna. Afinal de contas, que tipo de ciência é essa, capaz de colocar um homem na lua, mas incapaz de colocar um pedaço de pão na mesa de cada ser humano?”

Mas apesar da bela forma como Zafón escreve, um autor que gosto muito, esse livro não me encantou. A mistura parece sem ligação, apenas algumas ideias que foram jogadas e não prenderam. Por vezes era bastante fácil para os jovens conseguirem todas as respostas acerca do criador daqueles monstros-marionetes, Óscar e Marina encontravam os envolvidos e eles simplesmente falavam tudo. E passaram páginas e páginas contando.

A linguagem é bonita, o clima sombrio, mas poderia ser mais interessante se fossem pelo menos duas histórias distintas em dois livros, mas para mim, num só não deu muito certo.

Primeiro parágrafo
"Marina me disse um dia que a gente só se lembra do que nunca aconteceu. Ainda ia se passar uma eternidade antes que eu pudesse compreender essas palavras. Mas é melhor começar do início, que nesse caso é o final".

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Editora: Suma de Letras
ISBN: 9788581050164
Ano: 2011
Páginas: 189
Tradutor: Eliana Aguiar
Skoob
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7 comentários:

  1. Priscilla R Dutra10/09/2012, 15:52

    Sempre fiquei na dúvida com relação a esse livro, pela sinopse ele me interessava, mas por algumas resenhas perdia o interesse. Agora acho que perdi mesmo o interesse xD Pelo q vc falou, tinha os elementos para ser interessante, mas n foi.

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    1. Olha, eu não tinha lido muito sobre o livro antes, e fiquei meio triste por não ser o Zafón que eu gosto...

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  2. "Todos temos um segredo trancado a sete chaves no fundo da alma" Foi essa frase que me entusiasmou a ler o livro. Confesso que me assustei com as "marionetes", é um pouco aterrorizante. E o pai da Marina, que pensei a principio ser um vilão, é um cara instigante.

    Bye
    www.livrosestrelas.blogspot.com.br

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    1. É, mas ele fica apagado na história... É a história de Marina, mas também não tem muito da menina...

      =*

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  3. Também sou um grande fã da escrita do Zafón, mas também esperava bem mais da história. Acho que o fato ter criado tantas expectativas (devido as leituras anteriores), só intensificou minha decepção. Mesmo assim, foi uma leitura agradável. Os personagens são instigantes, e tinham muito a oferecer, mas como vc disse, foram mal aproveitados nesse misto de histórias que foram pouco desenvolvidas.
    "Por vezes era bastante fácil para os jovens conseguirem todas as respostas acerca do criador daqueles monstros-marionetes, Óscar e Marina encontravam os envolvidos e eles simplesmente falavam tudo."
    ^^ Concordo plenamente. Ele usou essa mesma tática nos livros anteriores, principalmente em "A Sombra do Vento", mas dessa vez não colou... rs.

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    1. Verdade, dessa vez não colou. Foi tudo muito rápido, pouco desenvolvido. Talvez por ser juvenil ele não tenha se aprofundado, uma pena se essa for a ideia...

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  4. Gostei do livro. Interessante que foi justamente a forma como ele fez a mistura q me encantou ;)

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